Durante o ano de 2009 eu e mais 2 amigos (Claudio e Manoel) nos reuníamos, periodicamente, e não falávamos em outra coisa que não fosse as nossas férias velejando pela Costa do Dendê. Iniciamos nossa aventura/passeio no dia 06/02/2010, participando da regata Salvador Morro de São Paulo e encerramos chegando em Salvador no dia 13/02/2010. Aqui relatamos 8 dias de velejada, lugares paradisíacos, gastronomia diversificada, novas amizades e contato com pessoas (nativos) cativantes, humildes e atenciosos. Bem diferentes dos habitantes do nosso mundo.
Barcos e Participantes
Super Cat 17 (Vôo Rasante) – Cláudio, Manoel e Ulisses
HC16 (2Nós)– Anselmo e César Cordeiro
Detalhe: Como César tinha compromisso em Salvador, teve que abandonar a expedição na 4ª feira (10/02), quando estávamos na “Velha Boipeba”. Desta forma Ulisses (69), pai de Cláudio passou a ser meu companheiro no HC16. Ulisses é chamado por nós pelo etílico apelido de Capitão Smirnoff. Figura ímpar: divertido, polêmico e amigo.
Roteiro
06/02 - Saída de Salvador (Regata Salvador Morro de São Paulo)
07/02 - Gamboa --> Garapuá
08/02 - Garapuá --> Boipeba
10/02 - Boipeba --> Barra de Serinhaem (Paraíso)
11/02 - Barra de Serinhaem --> Barra Grande (Camamu)
12/02 - Barra Grande --> Garapuá
13/02 - Garapuá --> Salvador
Regata Salvador Morro de São Paulo
Como não poderia deixar ser, uma verdadeira farra. Sem dúvida a melhor regata entre todas que participamos (Flotilha de HC). Esta regata é o evento onde reunimos os catistas da Bahia e outros Estados para celebrarmos o prazer de velejar nossos catamarãs. Aproveitamos a oportunidade para agradecer ao Yacht Clube, Clube de Velas Morro de São Paulo e a Prefeitura de Cairú pela organização e apoio à regata. Horst (Clube de Velas) mais uma vez nossos agradecimentos pela forma carinhosa em que sempre recebeu os catistas, independente da regata. Parabéns ao Vôo Rasante pelo 1º lugar (HC17) e 3º lugar (geral). Nossos parceiros de expedição mandaram ver.
Após a premiação reunimos na única pizzaria de Gamboa para resenhar e rir muito. Afinal de contas, “Tô de férias &%@#@%&$#” (Anselmo, Osso, Jana, César, Mano, Smirnoff, Cláudio, Tontinha e Tiago). Resenha, pizzas, piadas e até navegação estelar e leitura das nuvens rolaram neste encontro. Fala sério!!! Sacanagem mesmo foi quando prenderam Smirnoff no banheiro da pizzaria rsss. Quase o “vei” bota a porta abaixo. Encerramos a farra com um banho de mar, liderados por Smirnoff, até 01 da matina. Claro que rolou uma cervejinha, ninguém é de ferro. Ah! Quase esqueço, Cláudio perdeu a chave do quarto e tiveram que pular a janela (meia banda). Verdadeiro show de contorcionismo.
Domingo pela manhã armarmos os barcos e partimos em direção a Garapuá. Velejada light até o momento em que resolvemos entregar o timão para Smirnoff (Vôo Rasante) e César (2Nós). Em uma manobra para pegar uma cerveja os 2 conseguiram encostar um barco no outro e o pior: perderam uma lata de cerveja. Poluíram o mar e reduziu o nosso estoque de suprimentos.
Pense em um paraíso!!!!!!!! Chegamos e fomos direto para o bar flutuante, localizado nas piscinas naturais de Garapuá, para reabastecimento. Para nosso azar o bar estava fechado. Aproveitamos para um delicioso banho de mar.
Chegamos em Garapuá e procuramos nosso porto seguro “Restaurante de Iracema” hospitalidade sem igual e a comida maravilhosa. Tem um peixe assado com batata que é uma coisa do outro mundo. Neste restaurante nós guardávamos nossas velas e equipamentos. Esta foi a última vez que baixamos as velas, daí em diante as velas ficavam armadas todo o tempo fazendo parte da paisagem dos locais visitados.
Partimos no dia seguinte para Boipeba com escala no bar flutuante. Desta vez ele estava aberto e cheio de turistas (paulistas). Bate papo, cerveja e de quebra ainda levamos os paulistas para um passeio, devido à grande curiosidade pelos nossos brinquedinhos. Após o abastecimento, partimos para Boipeba.
BOIPEBA
Durante a saída do bar flutuante avistamos 4 Cats, voando baixo, 3 HC16 e 1 SC17 Carlos Ledo, Remo e Leleo / Simone no SC 17), os HC16 estavam com destino para Pratigi e o SC 17 para Boipeba, onde mais tarde nos encontraríamos na entrada de Boipeba. Passamos 2 dias na Velha Boipeba, um local maravilhoso que, apesar de ter se tornado um roteiro turístico, ainda preserva sua característica naturais sem agressões normalmente trazidas pelo turismo sem controle. As limitações para acesso a Boipeba e a união dos nativos e moradores contribuem diretamente pela manutenção natural do local.
Chegamos às 14h30m em Boipeba e só saímos da água às 20h após algumas cervejas e petiscos. Improvisamos um colete salva vidas como bandeja flutuante onde ficavam os copos, garrafas e petiscos. Fica aqui esta dica para vocês (veja foto). Importante ressaltar que Mano não faz uso de bebidas alcoólicas, logo era responsável por nós Anselmo, Cláudio e Smirnoff). O cara não existe! mesmo sem beber nos acompanhava em todas as farras. Em alguns momentos parecia está mais bêbado que nós kkkkk. Mano, você é o cara!!!!
Cláudio, como comandante e organizador da Expedição, marcou nossa saída para Cova da Onça, (ilha de Boipeba), para o dia 10/02 no mesmo dia em que Leleo voltava para Gamboa (SC17). Simone decidiu voltar de lambari juntamente com César para Gamboa e cedeu seu espaço para um casal de franceses. Por falar em francês... não sabíamos que Mano era poliglota. O cara deu um show comunicando-se em francês com o casal. Só pessoalmente para contar a vcs. Sei que ele só faltou quebrar os braços falando francês kkkkkkkk
Saída complicada de Boipeba, vento na cara e correnteza forte (maré enchendo), algumas cambadas e conseguimos sair. O Vôo Rasante por ser um barco mais pesado teve mais dificuldade em sair. Graças a César, o SC17 venceu a correnteza e seguiu seu rumo. Cesão orientava e sinalizava da praia as ações que deveriam ser seguidas pela tripulação do SC17. Pense no cara que fica na pista do aeroporto orientando o piloto. Este era César rsss. Brincadeiras à parte, valeu Cesão! Você é uma pessoa muito solidária.
Devido ao vento forte e ondas gordas, resolvemos abortar a parada em Cova da Onça e seguimos direto para Barra de Serinhaem.
BARRA DE SERINHAEM
Quem não conhece está perdendo de vivenciar um lugar fantástico e usufruir de uma bela paisagem e um povo pra lá de hospitaleiro. São duas as opções para chegar em Barra de Serinhaem: Através do Rio Serinhaem (Taperoá) ou de carro, sendo que terá que pegar um trecho pela praia (maré baixa) de Pratigi até Serinhaem. Não deixe de conhecer e provar a culinária de Dona Lourdes. Sugerimos o camarão na banana. Fantástico!!!!
Tanto em Boipeba e quanto em Serinhaem reservamos um tempo à noite para observar o céu à procura de OVNI. Deitados no trampolim dos HCs ficávamos horas analisando o céu sobre orientação do nosso Capitão e Ufólogo: Cláudio. Ver OVNI não vi, agora que é um excelente remédio para ressaca, não tenho dúvidas.
Dia 11/02 partimos de Serinhaém com destino a Barra Grande (Camamu), mais uma vez vento e maré contra. Desta vez não tínhamos Cesão para orientar a nossa saída rsss
BARRA GRANDE
Chegamos em Barra Grande e estacionamos na Barraca de Ioiô, figura simpática e amante da vela. Comemos um excelente peixe na chapa, muita cerveja, banho de mar. Acho que já passava das 20h quando resolvemos voltar para pousada. “Vidinha mais ou menos”
Saímos de Barra Grande com destino a Garapuá. Precisávamos voltar para comer, mais uma vez, o peixe grelhado com batata (Restaurante de Iracema), antes de encerrarmos nosso passeio. Lá vamos nós: maré enchendo e vento na cara, pegamos ondas de quase 3 metros próximo a ilha de Kiepe. Velejamos com cuidado para não capotar os barcos. Sorte que as ondas não estavam quebrando. Perguntei ao Capitão Sminorff, se ele estava com medo. Disse: “Isto é como andar a cavalo”. O “Vei” tira onda. Depois de Kiepe apontamos a proa para Garapuá e velejamos em través folgados com mar cheio de ondas (menores).Passei mal e fiquei enjoado. Antes da palestra de Beto Pandiani omitiria este fato, mas depois que ele disse que enjoou várias vezes em suas aventuras... quem sou eu para omitir rsss. Enquanto velejava enjoado o Capitão Smirnoff se divertia com as birutas da buja. É que eu havia ensinado a ele a alinhar as birutas da buja. Depois disso eu não podia alterar o curso que ele corrigia as birutas. Enjoado e o Capitão Smirnoff caçando e folgando a buja, parecia que Garapuá não chegaria rsss
GARAPUÁ (Retorno)
Chegamos em Garapuá escoltado por nuvens escuras. Que sorte!! Já estávamos colocando o barco na areia quando desabou a chuva acompanhada de ventos fortes. A natureza estava colaborando com nossa aventura. Fomos ao restaurante da amiga Iracema a fim de degustarmos aquele peixe maravilhoso. Lembram?
À noite, observamos o céu em busca dos OVNI’s e pela manhã fizemos contato com nosso amigo Osso (celular) que sairia de Gamboa e encontraria conosco na 4ª praia e juntos desceríamos para Salvador.
Saímos de Garapuá às 10h e velejamos em direção a Morro de São Paulo (4ª praia).
Encontramos Osso, conforme combinado e a nossa expedição aumentou em número de barcos: HC16 – 2Nós (Anselmo e Smirnoff), HC16 - Nêga Boa (Osso e Jana) e SC17 – Vôo Rasante (Mano e Cláudio). Apontamos a proa para Salvador e descemos a ladeira, o vendo sudeste facilitava a nossa velejada. Chegando próximo ao Yacht já podíamos ouvir o som dos trios elétricos que agitavam o carnaval da Barra. Chegamos rápido e em segurança. Osso veio na maior folga: timoneando deitado com a cabeça no colo de Jana. Este Ossinho é folgado. Durante a viagem não tivemos nenhum tipo de avaria nos barcos. Valeu a pena a revisão feita antes da viagem (troca de estaiamento, revisão dos cascos, troca do rebites, etc).
Já estamos pensando nas férias de 2011 e fazendo planos para novas viagens. Mano e Cláudio, a vela tem me proporcionado muito prazer e alegria. Mas, nada tão importante como as amizades conquistadas através dela. Sinto-me honrado por ser amigo de vocês principalmente após o período de convívio durante a nossa expedição. Fica aqui registrado o nosso carinho e admiração pelo amigo Ulisses (Capitão Smirnoff) exemplo de que não existe limite de idade para aproveitarmos a vida e curtirmos os momentos que ela nos proporciona. Smirnof com 69 anos é um recado a todos nós: a longevidade é uma realidade do nosso tempo. Cabe a nós aproveitarmos este benefício da vida. Espero que aos 70 anos ainda possa estar velejando meu HC e de preferência, no trapézio. E que venha a velejada no Rio São Francisco, com direito a uma pernada Aracaju --> Salvador.
Bons Ventos!!!!!!
Anselmo Costa